segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

PARTE I - PEDIATRIA - APRENDA A DIFERENCIAR INFECÇÕES BACTERIANAS DE VIRAIS

Para dar início a este capítulo, é preciso que o leitor esteja bem ciente de três verdades científicas sobre infecções de vias aéreas superiores em crianças que estão bem sedimentadas na medicina moderna. Apesar de às vezes parecer que não, estas afirmações são de conhecimento de todos os pediatras em atividade; são elas:

1- NÃO EXISTE, na medicina atual, nenhum tipo de tratamento para qualquer infecção VIRAL que já esteja instalada (quando os sintomas mais leves já iniciaram);

2- A IMENSA MAIORIA das infecções em crianças pequenas é de origem VIRAL (mais de 90%) e, portanto, não tem tratamento pela medicina atual, e não terá em um futuro próximo.
(recomenda-se apenas o uso de sintomáticos para controlar a febre e aliviar a dor).

3- ANTIBIÓTICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS, em uma infecção viral, podem piorar o quadro inicial e causarem complicações graves para  a criança.


Essas três afirmações acima, são unanimidades entre todos os pediatras, inclusive foram retiradas de publicações da própria da Sociedade Brasileira de PediatriaAgora passemos para a realidade:

Do total de vezes que seu filho apresentou febre alta, tosse, coriza e dor no corpo e você levou a um consultório ou emergência de pediatria, em quantas delas o pediatra passou antibióticos?

Se sua resposta foi: " - Em todas elas!", perceba que seu filho foi prejudicado 9 entre 10 vezes que foi ao pediatra, além de ter corrido o risco de uma complicação grave decorrente de uma simples gripe ou resfriado por irresponsabilidade do mesmo.

Porém, ouço muitas mães afirmarem com total convicção:
" - Meu filho sempre melhora com os remédios passados pelo pediatra, portanto, ele sempre acerta..."
Pois é, elas "acham" que foi o pediatra que curou seu filho!

Na verdade, infecções virais do tipo gripes e resfriados, duram normalmente 5 a 7 dias, e independente de qualquer coisa que o médico faça (qualquer coisa mesmo), a infecção tem três fases bem definidas:

- Primeiro dia: sintomas bem leves, às vezes passam até desapercebidos pelas mães...

- Segundo dia: sintomas moderados, geralmente começa a aparecer, como: febre mais alta, coriza, tosse, irritação nos olhos e garganta, eventualmente dor de ouvido leve e queda do estado geral...

- terceiro dia: é o pico de todos os sintomas já citados anteriormente, quando eles estão mais fortes e assustam as mães (esse pico pode ocorrer no quarto dia também). É nesses dias que as mães geralmente levam seus filhos ao pediatra, seja em um consultório, seja em uma emergência.

Após esse dia de "pico", independente da criança tomar os melhores antibióticos, xaropes, remédios sofisticados, ir a uma benzedeira, tomar mel, limão, chá, vitaminas, ou não tomar absolutamente NADA, ela vai melhorar (no mesmo intervalo de tempo)! E vai seguir melhorando nos próximos dois ou três dias, até ficar totalmente curada!

Se o pediatra intervir, duas coisas podem acontecer:

- Aquele monte de remédios que ele passou podem não causar mal e a criança melhorar mesmo assim, que é muito mais comum; ou...

- Os remédios podem predispor a uma infeção bacteriana grave, resultando em internação, ou até mesmo U.T.I. (conheço pessoalmente vários casos)!

Nos dois casos, o pediatra fica em uma situação confortável: na primeira, por ter curado a criança e na segunda, por ter tentado e, apesar dos esforços, não ter conseguido evitar o pior... 
Ou seja: Leva fama de bom, mesmo tendo culpa!

Mas já que seu médico não sabe (ou não quer) diferenciar uma infecção bacteriana de uma viral, ficando na cômoda situação de prescrever sempre a mesma longa lista de remédios para todos os seus "clientes", independente do tipo de infecção, existem formas para que vocês mesmos (mãe e pai) saibam quais os principais sinais que diferenciam uma INFECÇÃO BACTERIANA de uma INFECÇÃO VIRAL, são eles:

- FEBRE não serve para diferenciar, pois as duas infecções causam febre alta, porém, na ausência de febre, praticamente se descarta a possibilidade de INFECÇÃO BACTERIANA! Outra coisa, na INFECÇÃO BACTERIANA, a criança continua muito amolecida e quieta, mesmo depois que a febre passa, sob efeito do antitérmico (remédio para febre). No caso da INFECÇÃO VIRAL, ao contrário, assim que o antitérmico faz efeito, parece que a criança recupera todas as energias e volta a se sentir bem!

- A INFECÇÃO BACTERIANA normalmente tira totalmente o apetite da criança; no caso da INFECÇÃO VIRAL, o apetite costuma ser normal, quando a criança está sob efeito do antitérmico!

- A INFECÇÃO BACTERIANA nunca acomete vários órgãos de uma só vez, portanto: Uma amigdalite bacteriana (infecção de garganta), por exemplo, acomete só a garganta; nariz e ouvido não! Uma otite bacteriana, por sua vez, acomete só o ouvido e geralmente não causa sintomas na garganta e nariz. AS INFECÇÕES VIRAIS, por sua vez, geralmente acometem vários órgãos mesmo tempo: ouvido, nariz, garganta e até olhos, tudo junto!

- A INFECÇÃO VIRAL geralmente dura cinco, ou no máximo sete dias (existem infecções virais que duram mais, mas é raridade) e as bacterianas costumam demorar mais, não regredindo espontaneamente.

Portanto, se não for caso de vida ou morte e você se preocupa de verdade com a saúde do seu filho (não está apenas querendo se livrar da responsabilidade), espere sempre 4 ou 5 dias antes de levar seu filho com febre ao médico... A SAÚDE DELE AGRADECE!

Outra coisa (mais importante): Evite ao máximo ir a emergências de hospitais e clínicas particulares, além de contratarem pediatras inseguros e inexperientes, as salas de espera desses locais são carregadas de vírus e bactérias multi-resistentes... 
Muitas vezes, ao levar o seu filho em uma emergência, você troca um resfriado simples por uma infeção de maior gravidade! E atenção, não estou falando de emergências do SUS, mas dos melhores hospitais particulares do país!*

*Nota: Na realidade, se o hospital fosse realmente bom, ele deveria até impedir que a mãe levasse seu filho com um quadro leve para consultar, justamente para preservar a saúde da criança, porém, qualquer diretor de hospital particular que tomasse uma atitude dessas, apesar de estar salvando muitas vidas, certamente seria imediatamente demitido por estar trazendo prejuízo financeiro ao hospital!


Dr. Renato Paula da Silva.
(Médico com mais de 15 anos de experiência na área)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

COMO OS MÉDICOS INVENTAM DOENÇAS - PARTE II - OBSTETRÍCIA - PLACENTA BAIXA OU PLACENTA PRÉVIA

Em obstetrícia, temos dois grandes problemas em relação a erros de diagnóstico, um no primeiro trimestre, do qual já falamos: falsas áreas de descolamento ovular; e outros que ocorrem no segundo e terceiro trimestres, os principais são:

- diagnóstico de placenta baixa ou prévia, mas que na verdade está em localização normal;

- diagnóstico de circular de cordão, mas que na verdade é apenas alça de cordão;

- datação errada do tempo de gravidez.


Primeiro falaremos das placentas baixas. Esse é um erro que, apesar de não raro, indica que o profissional é de péssima qualidade. 

É tudo muito simples: Não existe diagnóstico de placenta baixa ou placenta prévia antes da 28a. semana de gravidez (* - VERDADE CIENTÍFICA).

Portanto, se obteve um diagnóstico de placenta baixa ou placenta prévia e tem menos de vinte semanas de gravidez, de preferência, rasgue o exame o mais rápido possível! Saiba que é NORMAL e COMUM (até aproximadamente 20 semanas de gravidez) a placenta estar próxima do orifício interno do colo do útero, ou até mesmo, recobrindo ele! 
Isso não é causa de sangramento, nessa fase! (*VERDADE CIENTÍFICA)

Se você teve o mesmo diagnóstico e está entre 20 e 28 semanas, saiba que o diagnóstico continua ERRADO, pois não se pode, ainda, considerar uma placenta como prévia ou baixa. Na grande maioria das vezes, a placenta vai "migrar" e ficar em inserção normal após 28 semanas de gravidez. 
Nesse caso é NORMAL, mas não é tão COMUM encontrar placentas recobrindo o colo do útero, portanto, merece apenas um exame de controle com 28 semanas.


(*VERDADE CIENTÍFICA) - os locais onde aparecem esse símbolo, indicam que a informação em questão não representa ideologia ou opinião do autor, mas sim, são consideradas como verdades científicas, tendo sido extraídas de revisões sistemáticas (o tipo de evidência científica mais confiável de todos) indexadas nas mais respeitadas bibliotecas de bases de dados do mundo, de onde é extraída toda a informação científica usada na medicina moderna mundial (LILACSIBECSMEDLINEBiblioteca CochraneSciELO ).

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

COMO OS MÉDICOS INVENTAM DOENÇAS - PARTE III - GINECOLOGIA - A SÍNDROME DOS OVÁRIO POLICÍSTICOS

Em ginecologia, área onde sou especialista de formação, existem dois diagnósticos médicos muito comuns e podem ser completamente equivocados, que são: ovários micropolicísticos e cistos ovarianos.


Hoje falaremos dos ovários micropolicísticos (ou polimicrocísticos, ou ainda policísticos (todos sinônimos), um dos diagnósticos mais equivocados da medicina moderna na área de ginecologia!

É importante salientar que existem critérios ecográficos bem definidos para se considerar um ovário como de aspecto micropolicístico ou simplesmente policístico: além dele estar aumentado de tamanho, as alterações hormonais que fazem com o ovário mude de aspecto, causam alterações características no tamanho e na quantidade dos folículos ovarianos (erroneamente chamados de cistos) que são típicas da síndrome!

Os médicos, muitas vezes "às pressas", se "esquecem" de conferir a presença de todos os critérios antes de dar o diagnóstico, e acabam chamando ovários normais de policísticos!

Isso acontece porque, em meninas durante a adolescência e em mulheres adultas que usem alguns tipo de anticoncepcional, o ovário costuma ficar com múltiplos pequenos folículos em seu interior, sendo isso perfeitamente normal, porém podendo ser confundido num exame mais superficial, com os tais ovários policísticos!

Para ser bem sincero, há uma máxima na medicina que diz que médico bom é o que encontra doença e médico ruim é o que diz que o exame está normal! Não sei se isso é verdade para vocês, pacientes, mas não tenham dúvida que é para nós, médicos!

Aí é juntar a fome com a vontade de comer, acaba que achar doença vira festa!

Para piorar toda a situação (acreditem, ainda pode piorar), a famosa alteração, que é visível pelo ultrassom transvaginal, e que deu o nome à síndrome; não é a causa, mas apenas uma das consequências da doença!

A causa é uma alteração hormonal que leva a um aumento dos hormônios ditos androgênicos (testosterona e outros) e alterações no ciclo do FSH e LH, hormônios produzidos pela hipófise (uma glândula localizada no crânio).

Por este motivo, todos nós aprendemos (ou deveríamos aprender) na faculdade, na residência e em todos os livros de ginecologia nacionais e internacionais, que não se deve levar em conta o resultado do exame de ultrassonografia para se considerar uma mulher como portadora da síndrome dos ovários micropolicísticos. 

Muitos aprendem, mas poucos praticam! 

Não sei porque alguns  médicos insistem em valorizar tanto o resultado do ultrassom, se ele, além de muitas vezes estar errado, não serve para o diagnóstico da doença (na verdade eu sei porque, mas acho que devemos tratar disso em outro momento).

Só para se ter uma ideia, durante um tempo, tentou-se até mudar o nome da síndrome dos ovários micropolicísticos, para síndrome de anovulação crônica, por caracterizar a alteração básica ocorrida na mulher! Porém esse novo nome não "pegou" e, na prática clínica, o nome antigo e inapropriado permaneceu!
Se você está com esse diagnóstico, é fácil saber se ele está errado ou não, para isso é preciso responder a duas perguntas básicas:

Primeira: Você tem ciclos menstruais a intervalos regulares (por exemplo de 28 em 28 dias, de 30 em 30 dias, de 26 em 26 dias, ou mesmo de 35 em 35 dias)?

Se você tem ciclos regulares e, tanto o seu ginecologista, como o médico que realizou a ultrassonografia disseram que você tem síndrome dos ovários policísticos, rasgue seu exame de ultrassonografia, jogue no lixo e troque de ginecologista!

Se você tem ciclos irregulares, é necessário responder à segunda pergunta:
Como andam seus hormônios: L.H., D.H.E.A., androstenediona e testosterona livre?

Se os três últimos estiverem totalmente normais, você tem anovulação crônica, mas não é a síndrome dos ovários policísticos! Portanto, devem-se procurar outras causa para a sua anovulação!

Qualquer dúvida, podem me contacta que encontro-me à disposição para ajudar no que for preciso!

Dr. Renato Paula da Silva - médico especialista.

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