sexta-feira, 11 de setembro de 2015

DOPPLER OU DOPPLERFLUXOMETRIA - O QUE É, PARA QUE SERVE E POR QUE ESTÃO ENGANANDO VOCÊ

Mais do que esclarecer sobre um determinado tipo de exame, ao escrever este artigo, eu me vejo na obrigação de denunciar um tipo de abuso que vem acontecendo com muita frequência em clínicas particulares do Brasil, particularmente na cidade onde moro! Tenho total liberdade para tratar deste assunto, pois possuo Título de Especialista em Ultrassonografia Geral e Título de sub-especialidade na área de Ecografia Vascular com Doppler Colorido, conferido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e pela Associação Médica Brasileira.

O efeito Doppler recebe este nome devido ao seu descobridor: Christian Doppler, em 25 de março de 1842. Muito recentemente, passou a ter importante aplicabilidade como um método complementar na ultrassonografia geral e se tornou uma ferramenta obrigatória em todos os aparelhos mais modernos de ultrassonografia.

Infelizmente, devido a um conceito que está definitivamente enraizado em todos os seres humanos, temos a plena convicção de que tudo que é mais caro é melhor, chega a ser algo tão subconsciente, que na maioria das vezes não percebemos que fazemos praticamente todas as escolhas de nossas vidas utilizando esse conceito! Esse conceito é realmente verdadeiro, para a grande maioria das coisas, como por exemplo: casa, carro, roupas, produtos de tecnologia, etc, etc... 
Não há dúvida que um carro de R$ 100.000,00 é melhor que um carro de R$ 50.000,00. Como também de que uma roupa de R$ 300,00 é melhor que uma de R$ 30,00, e por aí vai...

O prolema é que em medicina essa conceito não funciona, já que muitos exames, por exemplo, são caros por serem específicos para determinados tipos de doenças raras, ou por incorporarem tecnologias novas e pouco testadas, que não tem sua eficácia comprovada, mas que são caras por exigirem equipamentos mais avançados e profissionais mais habilitados para executa-las! Se submeter a algumas tecnologias desse tipo, sem que haja uma indicação precisa para tal, pode até ser um risco à saúde da pessoa!

O Doppler é um método fantástico, que consegue identificar o fluxo de sangue nos tecidos, mas possui indicações específicas, sendo fundamental para determinados tipos de doenças, mas inútil ou até prejudicial em outros tipos, devido à possibilidade de levar a interpretações diagnósticas errôneas quando é mal utilizado! O que causa espanto, é a criatividade de muitos médicos que se utilizam do método com fins escusos, chegando ao ponto de termos hoje, dentre as principais indicações para a solicitação de um exame com Doppler, o único objetivo de encantar o paciente e conquista-lo!

Outra indicação muito comum é a de solicita-lo com o intuito de encarecer o exame, nesses casos, o médico solicitante ganha uma "pontinha" da clínica que vai realiza-lo!  

Quando o cenário é o SUS, outro motivo surge com principal: dificultar a realização do exame para que o paciente demore a voltar (motivo muito comum)! Realizo exames com Doppler todos os dias, mas são raras as situações onde o exame foi indicado para ajudar no diagnóstico, o que me causa uma enorme sensação de inutilidade! Como o objetivo de alertar aos pacientes desse grande risco que correm em qualquer exame de ultrassonografia ou ecografia em que exista a palavra Doppler do lado, trouxe aqui, por ordem de ocorrência, os exames com Doppler mais erroneamente solicitados, e quais suas verdadeiras indicações:

Primeiro colocado - Tireóide com Doppler: Realmente, o valor do exame de tireóide com Doppler é o dobro do exame comum, porém ela só tem alguma utilidade prática em pacientes que já possuem diagnóstico de nódulos de tireóide com provável indicação de punção, que representam uma imensa minoria dos casos! 

Toda vez que um laudo de ultrassonografia de tireóide com Doppler foi dado como normal ou com alterações não significativas, o Doppler foi utilizado sem nenhuma necessidade e não melhorou em nada a qualidade do exame! Ainda lembrando o exemplo que dei acima, seria como pagar por um carro de R$ 100.000,00 e sair dirigindo um de R$ 50.000,00!

E se você que tem convênio acha que isso é problema do plano pois é ele que paga a conta, não se engane, pois a conta será embutida em seu próximo reajuste!

Segundo Colocado - Doppler Venoso de Membros Inferiores: Um dos preferido dos médicos golpistas, por ser um exame caríssimo e feito por poucos especialistas!

Doppler venoso de Membros inferiores só serve basicamente em duas situações: 

- Forte suspeita de trombose de membros inferiores;

- Programação para cirurgia de varizes;

Ainda por cima, quando for suspeita de trombose, por ser um quadro agudo, o exame só ajuda se for feito no mesmo dia do surgimento do sintomas, ou no máximo, na mesma semana, aí já com importantes prejuízos para o paciente!

No caso dos exames indicados por varizes, a coisa é mais escandalosa ainda, já que o diagnóstico de varizes é visual (é só o médico olhar para as pernas do paciente, porém a maioria não olha nem para a cara), sendo que o exame não serve para diagnóstico de varizes, e sim para uma avaliação pré-operatória em casos que tenham indicação cirúrgica!

Lembrar sempre que esse exame não tem nenhuma utilidade em pacientes sadios e sem sintomas, se for solicitado nesses casos, é certeza que o médico está ganhando propina por fora!

Terceiro Colocado - Doppler de Artérias Carótidas e Vertebrais

Indicado para pacientes acima dos 50 anos (com algumas exceções acima dos 40 anos), vem sendo muito usado para aumentar o rendimento dos médicos!

Se você é jovem (tem menos de 40 anos), independentemente do que esteja sentindo, tome cuidado se algum médico solicitar esse exame para você, provavelmente ele está ganhando propina ou quer te impressionar!


Quarto Colocado - Doppler Arterial de Membros Inferiores

Indicado sempre em pacientes mais idosos, que tem um tipo de dor na perna que é chamado de claudicação intermitente (a dor inicia quando o paciente anda e melhora quando ele para)!

Esse exame também não tem nenhuma utilidade em pacientes sadios e sem sintomas, se o médico solicitar esse exame para alguém que não sinta nada, é certeza que está ganhando por fora!


Quinto Colocado - Doppler Obstétrico

Teoricamente só deveria ser realizado em situações de risco!

Quando obstetra é competente, experiente e seguro, ele sabe diferenciar muito bem situações normais, de situações de risco onde haja indicação de Doppler, o problema é encontrar um obstetra que tenha esses cuidados...


Outros menos solicitados: 

Doppler Transvaginal - sua indicação sempre depende de alterações existes em um exame transvaginal simples prévio onde houve dúvida no diagnóstico, se foi solicitado como exame de rotina, com certeza o médico está ganhando por fora!

Doppler Cervical - indicado apenas em casos de suspeita ou após tratamento para câncer. É preciso ter cuidado com crianças, muitos médicos interpretam errado linfonodos aumentados em crianças, levando a biópsias desnecessárias!

Doppler Arterial de Membros Superiores - indicados em situações excepcionais, em pacientes com sintomas muito específicos, não faz parte da rotina diária de exames!

Doppler de Qualquer articulação - Somente solicitados em situações muito excepcionais, já que tem muito pouca aplicabilidade clínica. Parecem ser úteis em alguns tipos específicos de artrites, para verificar se a doença está em atividade, porém o diagnóstico de artrite não é dado por ultrassonografia, sendo exclusivamente clínico e laboratorial!

Doppler de Artérias Renais - específico para hipertensos de difícil controle, com suspeita de estenose de artéria renal!


Outros que são solicitados apenas em nível hospitalar e de pronto-socorro (se o seu médico incluiu algum desses no seu checkup de rotina, saiba que você estás sendo enganado):
- Doppler Venoso de Membros Superiores;
- Doppler de Jugular.

Exame que ainda não tem indicação prática, tendo utilidade apenas em ambiente acadêmico, com objetivo de pesquisa para possível utilidade futura: Doppler de Mama.

Fiquem atentos, muito cuidado com determinados tipos de exames solicitados por médicos, desde que os checkups viraram meio de aumentar os lucros, podem trazer mais riscos que benefícios à saúde!


Se você gostou desse artigo, saiba que o uso indiscriminado dos exames de Doppler não são os únicos problemas da medicina privada  no Brasil na atualidade e, nem de longe, são os maiores! Cansado de se calar em vista de tantas irregularidades e com o intuito de alertar às pessoas e ajuda-las a se defender, publiquei recentemente (06/11/2016) o meu livro: 


Se você for assinante do kindleunlimited, ele sai totalmente de graça, caso contrário, está sendo vendido a um custo bem baixo (R$ 24,99), haja vista a riqueza de informações de seu conteúdo, pois o meu objetivo não é lucrar (sobrevivo do meu salário de médico), mas sim, alertar e ajudar!

São 50 milhões de usuários de planos de saúde no Brasil, que certamente se interessarão e colherão bons frutos dos ensinamentos deste pequeno livro digital! Fique à vontade para ler e divulgar!


Segue o link para o site da amazon:


Ou, se preferir, pode copiar o colar o endereço abaixo no seu navegador:

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Muito obrigado a todos!
Dr. Renato Paula da Silva.



terça-feira, 8 de setembro de 2015

INTOLERÂNCIA À LACTOSE, GLÚTEN E OUTROS MODISMOS ALIMENTARES

  Ao se debruçar sobre a literatura pertinente ao assunto, revisando os consensos médicos e a opinião dos maiores especialistas mundiais, percebemos uma nítida discrepância entre a taxa real de doença céliaca (popularmente conhecida como "intolerância" ao glúten) e de intolerância à lactose, versus a proliferação excessiva de diagnósticos desse tipo que estamos observando nos dias atuais!

  Vivemos na era da moda da intolerância alimentar, e vários fatores contribuem para esta proliferação absurda de diagnósticos desse tipo de alteração! Em ambos os casos, profissionais inescrupulosos se utilizam da alta imprecisão dos exames laboratoriais para fazer prevalecer seus interesses e classificar toda e qualquer indisposição alimentar como algum tipo de intolerância!

Pode parecer inacreditável, mas os exames de sangue disponíveis na atualidade (mesmo os mais novos), são altamente imprecisos no diagnóstico de intolerância alimentar, por terem altas taxas de falso-positivo! Em outras palavras, muitos casos considerados como positivos para intolerância à glúten e principalmente à lactose, não possuem tal condição!

  As altas taxas de falso-positivo tornam os exames mais sensíveis, mas altamente imprecisos (e eles são feitos para serem assim mesmo), nunca devendo ser considerados isoladamente para o diagnóstico de intolerância alimentar, mas sempre associados aos chamados "testes práticos". A literatura é unânime em afirmar que o diagnóstico de intolerância, seja a glúten, seja a lactose, deve ser sempre confirmado através destes testes, onde a pessoa com suspeita da doença deve interromper o uso do alimento por períodos determinados (geralmente dias ou semanas), voltando a utiliza-lo depois! Nesse intervalo, deve-se observar o funcionamento do trato gastrointestinal e se houver uma clara associação entre o uso do alimento e os sintomas referidos pela paciente, o diagnóstico é considerado positivo! Ainda assim, os consensos mundiais sobre o assunto orientam muita cautela ao classificar uma pessoa como portadora de determinada intolerância alimentar, testando o alimento mais de uma vez, até que se tenha uma certeza diagnóstica!
  
  Em relação à doença celíaca, ainda é necessária confirmação com biópsia de intestino, procedimento mais complexo e doloroso, devendo ser reservado aos casos onde a suspeita é bem consistente. Entretanto, só a biópsia não fecha o diagnóstico, devendo o teste alimentar ser positivo, em mais de duas ou três vezes!

  Em relação à intolerância a lactose, a coisa ainda é muito pior, pois não existe nenhum exame laboratorial ou de biópsia que seja altamente confiável para seu diagnóstico, e o teste alimentar pode variar, estando positivo em alguns momentos e negativo em outros momentos da vida do paciente! 

  Como o leitor pôde observar pelo que foi dito acima, a exemplo de alimentos que já foram considerados como "milagrosos" e hoje são vilões declarados, e vice-e-versa (como o ômega 3, a vitamina E e o ovo), certamente a imensa maioria das pessoas que hoje têm diagnóstico de intolerância a glúten e/ou a lactose, em dois ou três anos, sequer  lembrarão que já tiveram esse diagnóstico na vida e estarão comendo todos esses alimentos sem culpa ou problema algum. 

  Por este motivo, quero lembrar da algumas verdades sobre alimentação realmente importantes e que nunca cairão de moda, até porque já se mostraram nocivas a saúde em centenas de publicações científicas altamente confiáveis, são elas:

-  Gorduras (particularmente as saturadas) estão associadas a aumento de risco de eventos cardiovasculares, como derrame cerebral e infarto, as principais causas de morte nos dias atuais;

- Excesso de açucares estão muito associados a obesidade e esta, por sua vez, associada ao diabetes, câncer e morte prematura;

- Alimentos artificiais e carnes vermelhas são produtos altamente cancerígenos, e devem ser utilizados com muita cautela;

- Uma alimentação equilibrada, incluindo a maior quantidade possível de grupos alimentares (priorizando frutas, verduras e legumes) e fracionada em cinco ou seis porções diárias, evitando exageros, são a melhor receita de uma vida saudável, com menor risco de doenças e aumento da expectativa de vida.

- Se você quiser aderir a moda do glúten free e lactose free, fique à vontade, mas lembre-se que muitas das "verdades" atuais sobre o assunto são tendenciosas, e tome muito cuidado para não pagar gato por lebre!

Renato Paula da Silva.

domingo, 26 de abril de 2015

PARTO NORMAL COM ANESTESIA 100% EFICAZ E OS GRANDES RISCOS DA CESÁREA AGENDADA - POR QUE ESCONDEM ESSAS DUAS VERDADES DE VOCÊ?

Muitas informações comparando cesárea a parto normal vem inundando a internet e o assunto ganhou ainda mais destaque com as últimas decisões do governo sobre o assunto! Já foi bastante comentado que a cesárea é a principal causa de síndrome do pulmão úmido do recém-nascido, a doença respiratória mais comum do período neonatal. Também é bastante debatido que a cesárea aumenta em dez vezes o risco de morte da mãe e onze vezes o risco de morte do bebê, além de estar associada a maior dificuldade de amamentação! - Todas essas afirmações são baseadas em publicações internacionais mundialmente reconhecidas, mas não são delas que quero tratar neste artigo! 

Na verdade, atualmente, são oferecidos dois tipos de partos para as mães: Um 100% natural, que pode ser um momento único e prazeroso para perfis muito específicos de mães, mas pode ser um tipo de provação e sofrimento totalmente desnecessário, para outros perfis!

Nada contra este tipo de parto, sou totalmente a favor, porém são poucas as mulheres atualmente preparadas para ele, e esse número vem diminuindo cada vez mais!

A outra opção é a de uma cesárea agendada com superprodução, filmagem e até equipe cenográfica na data e hora marcadas, com direito a até a dia de beleza na véspera do parto!

Mas porque um parto sem dor e produzido tem necessariamente que ser cesárea agendada, um tipo de parto tão prejudicial ao bebê?

Os médicos não fazem questão nenhuma de lembrar que existem outras duas opções, mais benéficas para a mãe e muito mais benéficas para o bebê, pois são opções que demandam um grande envolvimento e dedicação por parte do obstetra, que ele nunca está disposto a oferecer!

Uma opção ideal, seria a do parto normal com anestesia! Hoje em dia, utilizando anestesias combinadas de peridural e raquidiana, com medicações altamente específicas, é possível obter um bloqueio quase total da dor, sem agir sobre a contratilidade uterina, o que leva a um parto mais rápido, indolor e com ótimos resultados para o bebê!

Mas se existe um parto tão perfeito assim, porque não é divulgado? 

A resposta é simples: porque é caro! Exige dedicação exclusiva do obstetra por horas ou às vezes até um dia e noite inteiros, pense o quanto isso não custa?

Exige também um excelente anestesista, de preferência especializado nesse tipo de parto e que possa também dedicar horas para acompanhar a gestante!

Na nossa medicina de convênios, onde profissionais recebem valores ridículos de remuneração, esse tipo de parto é totalmente impraticável!

Por ser impraticável, gera um ciclo vicioso onde ninguém sabe fazer bem, porque ninguém faz....

Um meio termo, apesar de longe do ideal, mas que seria muito mais fácil e passível de ser praticado, seria a de fazer a cesárea no início dos primeiros sinais de trabalho de parto (trabalho de parto verdadeiro e já instalado)!

Seria mais barato e simples que o normal com anestesia, não exigiria tanto dos obstetras e anestesistas, também não causaria a temida dor do parto normal natural! Esse tipo de parto serviria apenas como uma transição até que nossa medicina criasse uma estrutura mínima que pudesse atender as necessidades reais das gestantes.

As mesmas publicações científicas que apontam os grandes riscos da cesárea agendada, mostram que na cesárea durante o trabalho de parto, os riscos pra a mãe permanecem os mesmos, mas os riscos para o bebê diminuem bastante, chegando quase a se igualar aos valores do parto normal! 

Em outras palavras: Se tem que ser cesárea, que seja uma cesárea que não vá trazer prejuízos à saúde de seu bebê, ou seja, uma cesárea na data em que o bebê estiver realmente pronto, no início do trabalho de parto!

Pois é gestantes, tem muito mais coisas que escondem  de vocês, do que vocês imaginam! 

Eu particularmente sou um defensor do parto natural, e acho que existem opções para driblar a dor de parto muito mais eficazes do que já se foi tentado até agora, mas não há interesse em se investir nelas! 

Porém, acho que as mães têm o direito de saber que existem outras opções de parto além daquelas colocadas pelo governo e pelos obstetras, que podem ser muito melhores que as opções oferecidas atualmente, basta um pouco de boa vontade por parte de ambos!

Obrigado! 

domingo, 29 de março de 2015

PARÁBOLA DO ANTIBIÓTICO


Resultado de imagem para antibióticosMuitos acreditam que antibióticos agem como verdadeiros soldados ou heróis, que nos protegem e nos salvam das doenças causadas pelas bactérias! 
Esse tipo de imagem heroica, facilmente vendida pela mídia especializada no assunto, cria um ideia completamente falsa sobre os reais efeitos dos antibióticos no interior do nosso organismo!
Para a propaganda da mídia, é como se nós fossemos seres indefesos e que, quando atacados por bactérias, os antibióticos funcionassem como soldados no front de batalha, para nos defender e nos salvar!


Na verdade esse raciocínio é completamente falso e equivocado! O raciocínio mais correto seria pensarmos que os verdadeiros soldados são nosso sistema imunólogico, até porque é ele mesmo o principal e, na maioria das vezes, único responsável pela nossa recuperação e cura! 

Assim que é convocado, nosso sistema imune começa a agir! Como soldados bem treinados, acertam os invasores (as bactérias) com suas pistolas de calibre 38! Os antibióticos funcionam, na realidade,  como fuzis e metralhadoras que, quando colocados nas mãos desses soldados, aumentam seu poder de fogo! 

No entanto, os antibióticos não são indispensáveis nas infecções bacterianas, já que mesmo sem eles, os soldados lutariam e venceriam! Talvez levassem mais tempo e  muitos mais soldados morressem nessa batalha, mas ainda assim, eles venceriam no final! 

O  contrário, infelizmente não é verdadeiro, ou seja: Só os antibióticos, estando o nosso sistema imunológico deficiente, não são suficientes para debelar uma infecção (Que o digam os doentes de AIDS, antes do advento de melhores antiretrovirais, que morriam de infecções extremamente simples, a despeito de fazerem uso dos antibióticos mais potentes do mercado!), por isso é errado chamar os antibióticos de "soldados", já que são coadjuvantes no tratamento de qualquer infecção!

Mesmo as infeções mais graves, quando não são tratadas com antibióticos, não evoluem para quadros críticos em mais de 70% das vezes! E eu estou falando das mais graves, pois nas leves, a taxa de complicações é cerca de dez vezes menor!

Se a infecção não é bacteriana, muito pior: Não só os antibióticos não ajudam em nada, como atrapalham bastante! 

É quase que como se entregássemos as armas nas mãos dos bandidos, favorecendo a piora dos sintomas e abrindo os portões de nosso "castelo imunológico", para a chegada de novas infecções, muito mais graves que a primeira!

Por isso, antes de sair distribuindo artilharia pesada por aí, veja se ela vai realmente ajudar ou pode atrapalhar seu corpo, que já é bombardeado diariamente por: alimentos inadequados, sedentarismo e agentes físicos presentes nas grandes cidades!

Nunca! Nunca se esqueça de quem são os verdadeiros soldados quanto estiver com uma infecção e saiba cuidar bem de seu sistema imunológico! 

Não se iluda com promessas mirabolantes de cura, ainda que estejamos no século XXI, elas simplesmente não existem! 


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

PARTE I - PEDIATRIA - APRENDA A DIFERENCIAR INFECÇÕES BACTERIANAS DE VIRAIS

Para dar início a este capítulo, é preciso que o leitor esteja bem ciente de três verdades científicas sobre infecções de vias aéreas superiores em crianças que estão bem sedimentadas na medicina moderna. Apesar de às vezes parecer que não, estas afirmações são de conhecimento de todos os pediatras em atividade; são elas:

1- NÃO EXISTE, na medicina atual, nenhum tipo de tratamento para qualquer infecção VIRAL que já esteja instalada (quando os sintomas mais leves já iniciaram);

2- A IMENSA MAIORIA das infecções em crianças pequenas é de origem VIRAL (mais de 90%) e, portanto, não tem tratamento pela medicina atual, e não terá em um futuro próximo.
(recomenda-se apenas o uso de sintomáticos para controlar a febre e aliviar a dor).

3- ANTIBIÓTICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS, em uma infecção viral, podem piorar o quadro inicial e causarem complicações graves para  a criança.


Essas três afirmações acima, são unanimidades entre todos os pediatras, inclusive foram retiradas de publicações da própria da Sociedade Brasileira de PediatriaAgora passemos para a realidade:

Do total de vezes que seu filho apresentou febre alta, tosse, coriza e dor no corpo e você levou a um consultório ou emergência de pediatria, em quantas delas o pediatra passou antibióticos?

Se sua resposta foi: " - Em todas elas!", perceba que seu filho foi prejudicado 9 entre 10 vezes que foi ao pediatra, além de ter corrido o risco de uma complicação grave decorrente de uma simples gripe ou resfriado por irresponsabilidade do mesmo.

Porém, ouço muitas mães afirmarem com total convicção:
" - Meu filho sempre melhora com os remédios passados pelo pediatra, portanto, ele sempre acerta..."
Pois é, elas "acham" que foi o pediatra que curou seu filho!

Na verdade, infecções virais do tipo gripes e resfriados, duram normalmente 5 a 7 dias, e independente de qualquer coisa que o médico faça (qualquer coisa mesmo), a infecção tem três fases bem definidas:

- Primeiro dia: sintomas bem leves, às vezes passam até desapercebidos pelas mães...

- Segundo dia: sintomas moderados, geralmente começa a aparecer, como: febre mais alta, coriza, tosse, irritação nos olhos e garganta, eventualmente dor de ouvido leve e queda do estado geral...

- terceiro dia: é o pico de todos os sintomas já citados anteriormente, quando eles estão mais fortes e assustam as mães (esse pico pode ocorrer no quarto dia também). É nesses dias que as mães geralmente levam seus filhos ao pediatra, seja em um consultório, seja em uma emergência.

Após esse dia de "pico", independente da criança tomar os melhores antibióticos, xaropes, remédios sofisticados, ir a uma benzedeira, tomar mel, limão, chá, vitaminas, ou não tomar absolutamente NADA, ela vai melhorar (no mesmo intervalo de tempo)! E vai seguir melhorando nos próximos dois ou três dias, até ficar totalmente curada!

Se o pediatra intervir, duas coisas podem acontecer:

- Aquele monte de remédios que ele passou podem não causar mal e a criança melhorar mesmo assim, que é muito mais comum; ou...

- Os remédios podem predispor a uma infeção bacteriana grave, resultando em internação, ou até mesmo U.T.I. (conheço pessoalmente vários casos)!

Nos dois casos, o pediatra fica em uma situação confortável: na primeira, por ter curado a criança e na segunda, por ter tentado e, apesar dos esforços, não ter conseguido evitar o pior... 
Ou seja: Leva fama de bom, mesmo tendo culpa!

Mas já que seu médico não sabe (ou não quer) diferenciar uma infecção bacteriana de uma viral, ficando na cômoda situação de prescrever sempre a mesma longa lista de remédios para todos os seus "clientes", independente do tipo de infecção, existem formas para que vocês mesmos (mãe e pai) saibam quais os principais sinais que diferenciam uma INFECÇÃO BACTERIANA de uma INFECÇÃO VIRAL, são eles:

- FEBRE não serve para diferenciar, pois as duas infecções causam febre alta, porém, na ausência de febre, praticamente se descarta a possibilidade de INFECÇÃO BACTERIANA! Outra coisa, na INFECÇÃO BACTERIANA, a criança continua muito amolecida e quieta, mesmo depois que a febre passa, sob efeito do antitérmico (remédio para febre). No caso da INFECÇÃO VIRAL, ao contrário, assim que o antitérmico faz efeito, parece que a criança recupera todas as energias e volta a se sentir bem!

- A INFECÇÃO BACTERIANA normalmente tira totalmente o apetite da criança; no caso da INFECÇÃO VIRAL, o apetite costuma ser normal, quando a criança está sob efeito do antitérmico!

- A INFECÇÃO BACTERIANA nunca acomete vários órgãos de uma só vez, portanto: Uma amigdalite bacteriana (infecção de garganta), por exemplo, acomete só a garganta; nariz e ouvido não! Uma otite bacteriana, por sua vez, acomete só o ouvido e geralmente não causa sintomas na garganta e nariz. AS INFECÇÕES VIRAIS, por sua vez, geralmente acometem vários órgãos mesmo tempo: ouvido, nariz, garganta e até olhos, tudo junto!

- A INFECÇÃO VIRAL geralmente dura cinco, ou no máximo sete dias (existem infecções virais que duram mais, mas é raridade) e as bacterianas costumam demorar mais, não regredindo espontaneamente.

Portanto, se não for caso de vida ou morte e você se preocupa de verdade com a saúde do seu filho (não está apenas querendo se livrar da responsabilidade), espere sempre 4 ou 5 dias antes de levar seu filho com febre ao médico... A SAÚDE DELE AGRADECE!

Outra coisa (mais importante): Evite ao máximo ir a emergências de hospitais e clínicas particulares, além de contratarem pediatras inseguros e inexperientes, as salas de espera desses locais são carregadas de vírus e bactérias multi-resistentes... 
Muitas vezes, ao levar o seu filho em uma emergência, você troca um resfriado simples por uma infeção de maior gravidade! E atenção, não estou falando de emergências do SUS, mas dos melhores hospitais particulares do país!*

*Nota: Na realidade, se o hospital fosse realmente bom, ele deveria até impedir que a mãe levasse seu filho com um quadro leve para consultar, justamente para preservar a saúde da criança, porém, qualquer diretor de hospital particular que tomasse uma atitude dessas, apesar de estar salvando muitas vidas, certamente seria imediatamente demitido por estar trazendo prejuízo financeiro ao hospital!


Dr. Renato Paula da Silva.
(Médico com mais de 15 anos de experiência na área)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

COMO OS MÉDICOS INVENTAM DOENÇAS - PARTE II - OBSTETRÍCIA - PLACENTA BAIXA OU PLACENTA PRÉVIA

Em obstetrícia, temos dois grandes problemas em relação a erros de diagnóstico, um no primeiro trimestre, do qual já falamos: falsas áreas de descolamento ovular; e outros que ocorrem no segundo e terceiro trimestres, os principais são:

- diagnóstico de placenta baixa ou prévia, mas que na verdade está em localização normal;

- diagnóstico de circular de cordão, mas que na verdade é apenas alça de cordão;

- datação errada do tempo de gravidez.


Primeiro falaremos das placentas baixas. Esse é um erro que, apesar de não raro, indica que o profissional é de péssima qualidade. 

É tudo muito simples: Não existe diagnóstico de placenta baixa ou placenta prévia antes da 28a. semana de gravidez (* - VERDADE CIENTÍFICA).

Portanto, se obteve um diagnóstico de placenta baixa ou placenta prévia e tem menos de vinte semanas de gravidez, de preferência, rasgue o exame o mais rápido possível! Saiba que é NORMAL e COMUM (até aproximadamente 20 semanas de gravidez) a placenta estar próxima do orifício interno do colo do útero, ou até mesmo, recobrindo ele! 
Isso não é causa de sangramento, nessa fase! (*VERDADE CIENTÍFICA)

Se você teve o mesmo diagnóstico e está entre 20 e 28 semanas, saiba que o diagnóstico continua ERRADO, pois não se pode, ainda, considerar uma placenta como prévia ou baixa. Na grande maioria das vezes, a placenta vai "migrar" e ficar em inserção normal após 28 semanas de gravidez. 
Nesse caso é NORMAL, mas não é tão COMUM encontrar placentas recobrindo o colo do útero, portanto, merece apenas um exame de controle com 28 semanas.


(*VERDADE CIENTÍFICA) - os locais onde aparecem esse símbolo, indicam que a informação em questão não representa ideologia ou opinião do autor, mas sim, são consideradas como verdades científicas, tendo sido extraídas de revisões sistemáticas (o tipo de evidência científica mais confiável de todos) indexadas nas mais respeitadas bibliotecas de bases de dados do mundo, de onde é extraída toda a informação científica usada na medicina moderna mundial (LILACSIBECSMEDLINEBiblioteca CochraneSciELO ).

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

COMO OS MÉDICOS INVENTAM DOENÇAS - PARTE III - GINECOLOGIA - A SÍNDROME DOS OVÁRIO POLICÍSTICOS

Em ginecologia, área onde sou especialista de formação, existem dois diagnósticos médicos muito comuns e podem ser completamente equivocados, que são: ovários micropolicísticos e cistos ovarianos.


Hoje falaremos dos ovários micropolicísticos (ou polimicrocísticos, ou ainda policísticos (todos sinônimos), um dos diagnósticos mais equivocados da medicina moderna na área de ginecologia!

É importante salientar que existem critérios ecográficos bem definidos para se considerar um ovário como de aspecto micropolicístico ou simplesmente policístico: além dele estar aumentado de tamanho, as alterações hormonais que fazem com o ovário mude de aspecto, causam alterações características no tamanho e na quantidade dos folículos ovarianos (erroneamente chamados de cistos) que são típicas da síndrome!

Os médicos, muitas vezes "às pressas", se "esquecem" de conferir a presença de todos os critérios antes de dar o diagnóstico, e acabam chamando ovários normais de policísticos!

Isso acontece porque, em meninas durante a adolescência e em mulheres adultas que usem alguns tipo de anticoncepcional, o ovário costuma ficar com múltiplos pequenos folículos em seu interior, sendo isso perfeitamente normal, porém podendo ser confundido num exame mais superficial, com os tais ovários policísticos!

Para ser bem sincero, há uma máxima na medicina que diz que médico bom é o que encontra doença e médico ruim é o que diz que o exame está normal! Não sei se isso é verdade para vocês, pacientes, mas não tenham dúvida que é para nós, médicos!

Aí é juntar a fome com a vontade de comer, acaba que achar doença vira festa!

Para piorar toda a situação (acreditem, ainda pode piorar), a famosa alteração, que é visível pelo ultrassom transvaginal, e que deu o nome à síndrome; não é a causa, mas apenas uma das consequências da doença!

A causa é uma alteração hormonal que leva a um aumento dos hormônios ditos androgênicos (testosterona e outros) e alterações no ciclo do FSH e LH, hormônios produzidos pela hipófise (uma glândula localizada no crânio).

Por este motivo, todos nós aprendemos (ou deveríamos aprender) na faculdade, na residência e em todos os livros de ginecologia nacionais e internacionais, que não se deve levar em conta o resultado do exame de ultrassonografia para se considerar uma mulher como portadora da síndrome dos ovários micropolicísticos. 

Muitos aprendem, mas poucos praticam! 

Não sei porque alguns  médicos insistem em valorizar tanto o resultado do ultrassom, se ele, além de muitas vezes estar errado, não serve para o diagnóstico da doença (na verdade eu sei porque, mas acho que devemos tratar disso em outro momento).

Só para se ter uma ideia, durante um tempo, tentou-se até mudar o nome da síndrome dos ovários micropolicísticos, para síndrome de anovulação crônica, por caracterizar a alteração básica ocorrida na mulher! Porém esse novo nome não "pegou" e, na prática clínica, o nome antigo e inapropriado permaneceu!
Se você está com esse diagnóstico, é fácil saber se ele está errado ou não, para isso é preciso responder a duas perguntas básicas:

Primeira: Você tem ciclos menstruais a intervalos regulares (por exemplo de 28 em 28 dias, de 30 em 30 dias, de 26 em 26 dias, ou mesmo de 35 em 35 dias)?

Se você tem ciclos regulares e, tanto o seu ginecologista, como o médico que realizou a ultrassonografia disseram que você tem síndrome dos ovários policísticos, rasgue seu exame de ultrassonografia, jogue no lixo e troque de ginecologista!

Se você tem ciclos irregulares, é necessário responder à segunda pergunta:
Como andam seus hormônios: L.H., D.H.E.A., androstenediona e testosterona livre?

Se os três últimos estiverem totalmente normais, você tem anovulação crônica, mas não é a síndrome dos ovários policísticos! Portanto, devem-se procurar outras causa para a sua anovulação!

Qualquer dúvida, podem me contacta que encontro-me à disposição para ajudar no que for preciso!

Dr. Renato Paula da Silva - médico especialista.

sábado, 24 de janeiro de 2015

COMO OS MÉDICOS INVENTAM DOENÇAS - PARTE I - PEDIATRIA - INFECÇÃO URINÁRIA EM RECÉM-NASCIDO

Venho falando, artigo após artigo, sobre os erros comuns cometidos pelos médicos, alguns propositais e outros não! 

Porém, existem erros que são muito mais comuns, geralmente doenças de pouquíssima gravidade, que são diagnosticadas erroneamente em pessoas saudáveis ou que possuem outra doença completamente diferente daquela diagnosticada. Apesar de serem doenças de pouca gravidade, acabam levando a tratamentos desnecessários, esses sim, podendo causar problemas mais sérios e comprometer gravemente a saúde, de forma definitiva!

Devido a fatores relacionados a: 
    - Exames imprecisos;
    - Médicos maliciosos, incompetentes ou, em muitos casos, os dois;
    - Falta de preparo e orientação ao paciente pelos órgãos do governo;
   - Interesses escusos da indústria farmacêutica, empresas de exames laboratoriais e de diagnóstico por imagem...

Existem doenças de diagnóstico equivocado ou inútil, e que geram milhões e milhões em dinheiro! 

Nos próximos artigos, citarei as verdadeiras campeãs, nas mais variadas especialidades da medicina, pela frequência com que são diagnosticas e sem que nunca tenham sequer existido!

Como eu posso saber tudo isso? 

Simples, estudo muito sobre o assunto e trabalho há quinze anos na área médica! Além do mais, há oito anos trabalho exclusivamente com diagnóstico por imagem e atendo solicitações de médicos de praticamente todas as especialidades, com uma noção muito boa do que se anda diagnosticando por aí!

Primeiro falaremos de pediatria e, nesse caso, vamos dividir em duas fases da vida da criança: 

A primeira fase ocorre até o primeiro ano de vida. Nessa fase, a doença de diagnóstico mais errado é, sem sombra de dúvida, a infecção urinária!

Um conjunto de fatores facilitam esse equívoco:

- Primeiro fator: Segundo livros de pediatria e o protocolo da própria sociedade brasileira de pediatria (visite o site: www.sbp.com.br), contaminações são muito comuns em exames de urina de bebês, chegando ao ponto de, para se obter um resultado 100% confiável, seria necessário colher a urina com sonda (após uma limpeza rigorosa da área) ou através de punção suprapúbica (colocar uma agulha na bexiga do bebê e extrair a urina). O uso dos "saquinhos" ou similares é desaconselhável e perigoso. 

- Segundo fator: bebês não falam, porém choram para: pedir comida, reclamar de sono, frio, calor ou simplesmente chamar a atenção! Se o pai e/ou a mãe enfiarem na cabeça que aquele choro é devido ao fato de estar ardendo para fazer xixi (e não da sensação de desconforto, por exemplo, de um bebê que está molhado), ninguém tira essa ideia da cabeça deles!

- Terceiro fator: bebês costumam ter febre com muita frequência, geralmente baixa ou moderada e sem maiores consequências! As causa mais comuns de febre nos bebês são: reações a vacinasinfecções virais (ainda sem tratamento na medicina, mas extremamente comuns em bebês) e infeções bacterianas (muito mais raras). 

Porém, se um pai ou mãe levam seu filho a uma emergência de hospital com febre, não aceitam sair de lá sem um diagnóstico definitivo! O problema é que na imensa maioria das vezes, esse diagnóstico não pode ser feito, por exame nenhum do mundo! 

Os pediatras ou clínicos de plantão nos hospitais e clínicas particulares (cansados depois de uma jornada de trabalho exaustiva e se achando injustiçados por estarem atendendo em uma emergência, casos que teoricamente deveriam ser tratados em consultório!) tendem a querer se livrar do paciente o mais rápido possível, porém ele sabe que qualquer exame que for pedir será normal, exceto: hemograma, que se altera com qualquer infecçãozinha viral boba e exame de urina, que quase sempre indica existência de infecção de urina quando é mal colhido (é quase impossível diferenciar, olhando apenas o resultado, um exame mal colhido de um exame com infecção).

Ora, são justamente esses dois exames que o pediatra de plantão pede rapidinho e resolve a vida de seu doente: Em poucos minutos o bebê sai do consultório com uma receita de antibiótico, um pedido de ultrassonografia dos rins, um diagnóstico de infecção de urina e dois pais totalmente satisfeitos!

Nesse caso, todos saem felizes: os pais, o médico, a clínica de ultrassonografia e a fabricante do antibiótico...

Esse antibiótico certamente causará estrago na saúde desse bebê, que vai desde resistência bacteriana, até alterações nos dentes e ossos! Se o bebê conseguir superar o efeito devastador desse remédio em seu organismo, sorte dele e mérito do pediatra! Caso contrário, ele volta para a emergência...
Mas aí já é outra história...    



Dr. Renato Paula da Silva.

(Médico com mais de 15 anos de experiência na área)

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